Matéria publicada hoje(10/10/2017) pela Folha de São Paulo adianta o resultado do Relatório de Segurança de Barragens 2016 da Agência Nacional de Águas(ANA), que aponta que pelo menos 25 barragens distribuídas em 8 Estados brasileiros estão com a sua estrutura comprometida e necessitam de reparos urgentes para evitar possíveis acidentes.
O mais impressionante nesse fato é que hoje em dia dispomos de tecnologia e até mesmo de legislação para que um plano de acompanhamento das estruturas das barragens seja implementado a um custo irrisório, sem falar nas consequências ambientais e vidas em risco nessas áreas.
O procedimento de análise de estruturas, sobretudo de barragens, era até pouco tempo atrás complexo e caro, mas com a redução de custos de equipamentos como câmeras térmicas e a popularização no uso de drones a realidade hoje é outra.
Câmeras térmicas são, de forma bem resumida, dispositivos que traduzem em cores a temperatura do seu alvo. Normalmente estão calibradas para ilustrar em tonalidades que vão do amarelo ao vermelho temperaturas mais altas, e do roxo ao azulado as temperaturas mais baixas. Em muitos casos nem é necessário o uso de câmeras térmicas para identificar problemas em estruturas. As câmeras RGB(como as utilizadas em smartphones e outros gadgets), dependendo da sua resolução, são capazes de ampliar imagens de forma a identificar com facilidade eventuais falhas em estruturas. Vejamos o exemplo abaixo:
A imagem acima foi obtida por um drone em voo a 90 metros de altura durante o mapeamento de uma propriedade rural e representa o tamanho de um pixel, a menor unidade de medida, com aproximação da imagem em 9,95cm. Traduzindo, a menor unidade de medida desta imagem teria, se representada em tamanho real, 2,39cm. Agora vamos ver o que o drone estava sobrevoando:
Aumentando a sua aproximação para 67,8cm fica claro que trata-se de um veículo. Com tal resolução é possível identificar de forma rápida e prática problemas em estruturas dos mais variados portes com o uso de drones. Em maio deste ano foi criado o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial – RBAC–E nº 94 que define as regras para o uso de drones no Brasil, permitindo que empresas que estiverem adequadas à legislação possam prestar serviços de operações com drones amparadas pela lei, como é o caso da DroneOps.
Para quem gosta de números, aí vão mais alguns: além de estar a 90 metros de altura, o drone mapeou uma área de aproximadamente 30 hectares a uma velocidade de 9m/s em menos de uma hora, com sobreposição frontal de imagens de 80%, garantindo a precisão da sua localização através do sistema de coordenadas. Todo o processo de tomada das imagens e pré-processamento das imagens, ainda em campo, para análise e validação das mesmas, não levou mais que uma hora e meia.
Diante dos fatos e números apresentados fica fácil chegar à conclusão de que é possível evitar novas tragédias causadas por rompimento de barragens, ou em qualquer outro tipo de estrutura, como desabamento de galpões, silos de armazenamento, deslizamento de terra, etc, com agilidade e a um custo insignificante se comparado ao impacto que um acidente deste tipo pode causar ao meio-ambiente e as populações próximas.